História

Breve Histórico do Município de Paraí.

 

   O território que hoje forma Paraí, por volta de 1880, pertencia a fazendeiros, do município de Lagoa Vermelha. Eram proprietários das terras; Afonso Dias, Máximo Subtil de Oliveira, Mauricio Nunes de Assunção, Crispim Dias, entre outros.

  No inicio de século XX, Colonizadores como Jacó Simon, Caetano Bellincanta e Henrique Lenzi adquiriram parte dessas terras, dividindo-as em lotes menores, que foram vendidos aos imigrantes. A partir de 1903, inicia-se o processo de ocupação do território com a vinda de imigrantes, especialmente italianos; mas também vários portugueses e alguns alemães e poloneses.

   Muito antes da chegada dos imigrantes, essas terras eram habitadas pelos indígenas. Possivelmente pelos índios Coroados, que tinham o pinhão como um de seus principais alimentos. A presença indígena, no território que hoje forma Paraí ficou comprovada através de diversos vestígios deixados por eles, como: pedras polidas, pontas de flechas e pedaços de Cerâmica.

   Quando os imigrantes começaram a chegar a Paraí, já não havia mais índios nas matas; entretanto, habitavam esse lugar diversas famílias de caboclos (luso-brasileiros) vindos, provavelmente, da região de Lagoa Vermelha. Moravam em pequenos ranchos e viviam da caça, pesca frutos do mato e também do cultivo de pequenas roças de milho, feijão e mandioca.

  Data de 26 de dezembro de 1906, a chegada a Paraí do casal Mateus Dal Pozzo e Giacomina Lorenzet, com seus filhos Maria e Antonio. Vieram de Nova Pádua, trazendo seus pertences no lombo de mulas, numa viagem que demorou cinco dias.  A partir de 1910 famílias de imigrantes italianos começaram a chegar em grande número. Na década de 1930 vieram algumas famílias de origem polonesa, sendo que a primeira polonesa a se fixar em solo paraiense foi Francisca Reszka, que estabeleceu-se em 1914 junto com o marido, o alemão  Clemente Furrer.

 Tudo neste lugar estava por fazer. Nem estradas existiam, havia apenas picadas, abertas em meio a mata, onde passavam somente pessoas e  mulas. A necessidade de sobrevivência fez esses pioneiros trabalharem muito. O esforço e a potencialidade de mulheres e homens fizeram esse lugar se desenvolver.

   Os imigrantes que aqui se fixaram, ergueram em 1914 a primeira Capela. Era em honra a São Brás e foi construída no mesmo lugar em que hoje está a atual igreja Matriz de Paraí. A obra foi feita com tábuas serradas manualmente e coberta com tabuinhas. Em 1916, foi construído, também de madeira, o Campanário que media 15 metros de altura. Nele foi colocado um sino de aço vindo da Alemanha.

 

 

Origem do nome.

   Conforme registros de Pe. Félix F. Busatta, a região que atualmente abrange os municípios de Paraí e Nova Araçá era denominada, antes de 1890, de “Mato do Senhor”, que significava “Terras de Deus”, terras devolutas, sem proprietários. Outro nome que esta região teve, foi Gramadinho.

   Existe mais de uma versão sobre o surgimento do nome Paraí. A mais conhecida é a de que em 1912, um pequeno grupo de imigrantes acompanhados pelo agrimensor Sizínio Kursel e chefiados pelo colonizador Henrique Lenzi, realizavam o traçado urbanístico do centro do lugar. Todavia, os trabalhos tiveram que ser interrompidos, por causa da forte precipitação de neve. Devido à circunstância, o grupo concordou em batizar o lugar com o nome Para-ahí, (escrevia-se Parahy) que correspondia a situação vivida por eles naquele momento. Parados e imobilizados pela abundante neve.

   Em 1932, quando o lugar foi desmembrado de Lagoa Vermelha e passou a ser quinto distrito de Nova Prata, houve uma mudança de nome de Parahy para Flores da Cunha. Tendo em vista que havia outro município com o mesmo nome, em 1938, foi retomado o nome Parahy. O batismo definitivo com a atual grafia ocorreu em 1943.

 

Chegada do primeiro vigário.

   Padre Félix Fortunato Busatta foi o primeiro vigário de Paraí e tomou posse em 25 de Janeiro de 1925. Muito mais que um líder religioso, foi um grande empreendedor que lado a lado com o povo desenvolveu Paraí. Durante os 43 anos em que foi vigário ajudou a escrever importantes páginas da história deste lugar. Ao longo de sua vida registrou dados, fatos e acontecimentos, publicando vários livros. Dentre seus maiores legados, destaca-se o incentivo as vocações. O número de religiosas (cerca de 200) e de sacerdotes (44) é hoje motivo de muito orgulho para Paraí.

 

Basalto.

   As primeiras lajes de basalto de Paraí foram retiradas em 1935, na margem esquerda do Arroio Barra Nova. O pioneiro na extração foi Francisco Busatta. As primeiras pedreiras foram abertas à picareta e as lajes transportadas com carroças. Este basalto era usado para fazer fontes de água, tanques de lavar roupas, túmulos, calçadas, etc.

   A partir de 1950 várias pedreiras foram abertas em comunidades do interior de Paraí. No final dos anos 1960 a comercialização do basalto foi impulsionada pela instalação de diversos depósitos (revendas) de lajes, ao longo da RST 324.

 As polidoras surgiram a partir de 1970, expandindo ainda mais a atividade. Depois dos anos de 1990 foram instaladas modernas indústrias (teares), que trabalham com basalto e granito. Atualmente, o basalto de Paraí é comercializado em todo o Brasil e também exportado para outros países.

   O Basalto faz parte da identidade de Paraí. É um verdadeiro privilégio dispor deste bem natural. A extração, beneficiamento e comercialização do  produto é atualmente uma das principais fontes  geradoras de empregos e renda para o município.

 

Emancipação.

    Ao longo de sua história Paraí pertenceu (período que antecede 1932) ao município de Lagoa Vermelha e entre 1932 e 1965 ao município de Nova Prata. Em 1965, conquistou sua emancipação político administrativa, um marco definitivo em sua trajetória.  

   Nos primeiros anos da década de 1960, Paraí se engajou a movimentos emancipacionistas, juntamente com os vizinhos distritos de Nova Araçá e Nova Bassano. O primeiro a iniciar o movimento emancipacionista foi Nova Bassano, em setembro de 1962.

   Em Paraí a Comissão para a Emancipação era composta pelos seguintes membros: Presidente: Antonio Octávio Dall’Agnol. Vice-presidente: Ângelo Brandalise. Demais membros: Pe. Félix F. Busatta, João Pegoraro, Vitório Zortea, Mauricio Luis Brandalise. Augusto Trevizan, Fioravante Cella, Nunes Faldi, Guilherme Pegoraro, Luiz Pinzetta e Luis Cassol.

   Após muito trabalho de paraienses e suas lideranças; de negociações e acordos realizados pela Comissão, em 9 de julho de 1965 a Comunidade de Paraí conquista sua emancipação. O decreto foi assinado pelo então Governador do Estado do Rio Grande do Sul Ildo Meneghetti.

   A eleição para prefeito foi marcada para 15 de novembro de 1965, mas não aconteceu. O Ato Institucional número 2, decretado pelo Presidente da República Castelo Branco, cancelou as eleições que aconteceriam em 1965. No lugar dos prefeitos eleitos foram nomeados Interventores.

   Em Paraí, foi nomeado para Interventor Antonio Octávio Dall’Agnol, que administrou o município entre maio de 1966 e janeiro de 1969. A primeira eleição para prefeito, vice-prefeito e vereadores de Paraí ocorreu em 15 de novembro de 1968.

 

Galeria de Prefeitos.

 Ângelo Brandalise (1969/1973);

João Pegoraro Sobrinho (1973/1977);

Neri Pedro Trevizan (1977/1983);

João Pegoraro Sobrinho (1983/1988);

Oscar Dall’ Agnol (1989/1992);

Gertrudes Pelissaro dos Santos (1993/1996);

Oscar Dall’Agnol (1997/2000);

Oscar Dall’Agnol (2001/2004);

Lauriano Ártico (2005/2008);

Lauriano Ártico (2009/2012);

Jeremias Trevisan (2013/2016);

Oscar Dall'Agnol (janeiro a setembro de 2017); 

Catiane Richetti Trevizan (interina de setembro a dezembro de 2017);

Gilberto Zanotto (2018/2020). 

 

   Paraí tem uma bela trajetória. Foi pelo trabalho de pioneiros dedicados, confiantes e esforçados, que esse lugar foi crescendo e progredindo. Hoje, somos um povo vitorioso e sentimos orgulho de nossa história de conquistas fé e empreendedorismo.

 

SIMONE BORDIGNON é  Pesquisadora e escritora. (Autora do texto)

 

Hino de Paraí

 

 

Paraí, amada terra
Dessa nossa fértil serra
Bela, esplêndida princesa.
Teu encanto é a natureza
É teu povo é a família
É a roça ó maravilha
É o trabalho de teus filhos
Cultivando muito milho

Paraienses vamos lá
Olhos fitos no porvir
De uma raça herdeiro sois
Que só sabe progredir

Paraí formosa e bela
Da região és uma estrela
O teu céu tem mais beleza
Tua terra tem riqueza
O teu solo tem pedreiras
Que são fontes verdadeiras
De teu trabalho e de sustento
E produzem ornamento

Paraí, vamos cantar
Que a paz viva em teu lar
Muita fé e união
São orgulho deste chão
Por trabalho organizado
O teu povo é lembrado
Tradição e agricultura
Também fazem tua cultura

Paraí da imigração
Vives hoje outra missão
Das pequenas propriedades
Emigrando pras cidades
Os teus filhos tão fecundos
Espalhados pelo mundo
Todos eles são felizes
De lembrar suas raízes.

Confira!